AS BRASAS – SÁNDOR MÁRAI



Finalizo o livro, procuro de maneira imaginaria algumas páginas a mais que me dê uma resposta sobre aquilo que entendo no final, nunca será respondido.
A história é sem dúvida simples: Um homem se apaixona pela mulher de seu melhor amigo e se torna seu amante, incapaz de suportar esta situação e relutando com seus sentimentos, decide partir deixando à amante e o amigo à deriva da suas vidas.
E é aí precisamente, que a escrita de Sándor Márai faz deste relato algo inesquecível, pois estes dois amigos têm vivido na espera deste momento, entre eles, interpor-se esse segredo com uma força singular, um duelo sem armas, embora muito mais cruel.
Diz o filósofo Thomas Abraham respeito de Sandro Márai: "Ele era um humanista como Thomas Mann, Hesse, Zweig, Huxley. O humanismo é uma crença laica no poder da literatura e do conhecimento para motivar as condutas, revelar mistérios da condição humana, e fazer da palavra um compromisso de confiança ".
Este livro fala sobre a amizade, mas sobre tudo fala sobre a não amizade e talvez sobre a inexistência dela.
Uma amizade que é interrompida, subitamente negada, suspensa no ar.
Uma espera que no primeiro momento exige vingança e que é alimentada pelo ressentimento, só a serenidade da maturidade a transforma simplesmente em espera paciente e inexorável por uma resposta verdadeira, sincera.
Essa pergunta que esperou por quarenta anos e que, no mesmo momento de ser pronunciada, torna-se irrelevante.
Talvez seja o desejo do autor, que essa verdade seja sujeita ao interesse de cada leitor, espaços em branco para que assim podamos enche-lhos com as nossas fantasias.

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